segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Encontros e Desencontros

(Lost in Translation)
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A história se desenrola em Tóquio, boa parte dela no hotel Park Hyatt Tokyo, que vira um casulo reconfortante para dois norte-americanos cuja ignorância cultural e linguística os mantêm sem contato com a cidade. Eles passam o tempo no bar, restaurante, piscina e apartamentos do hotel, de vez em quando olhando pelas janelas do edifício muito alto para a paisagem de uma cidade que os intriga, mas principalmente os deixa perplexos. Bob Harris (Bill Murray) é um ator de cinema mal-humorado que está na cidade para filmar um comercial de uísque. Não apenas ele está sofrendo os efeitos do "jet lag" e da depressão por seu casamento em crise, como se encontra no meio de uma crise de meia-idade que o desanima, mas não o faz perder seu senso de humor. Charlotte (Scarlett Johansson) , mulher do fotógrafo John (Giovanni Ribisi), que não lhe dá muita atenção, vive um pesadelo semelhante. Casada há dois anos, ela já se sente perdida na relação, sem poder participar da vida profissional de seu marido nem identificar o que quer da vida. Quando se aventura na cidade, o que encontra é uma versão distorcida da modernidade ocidental. Quando procura o budismo, tudo o que vê é um templo cheio de sacerdotes entoando cânticos em japonês. Aliás, a língua japonesa acaba sendo motivo de riso. Quando Murray recebe instruções detalhadas do diretor japonês do comercial, seu intérprete, confuso, as resume a: "Vire para a câmera , por favor" (e Coppola não inclui legendas, deixando o espectador tão confuso quanto o personagem).
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Certo. Isso de não incluir legendas para japonês é mesmo irritante e confuso. Porque assim, você sente na pele o nome original do filme: Lost in Translation . De início, eu não gostei. Mas pesquisei um pouco mais para saber se eu realmente estava equivocada. Sim, foi a resposta. O filme é bom. Mas eu tenho essa incorrigível mania de esperar muito dos filmes. Talvez pelos atores ou diretor, não sei. O que me intriga é que esse filme não é um romance, não é uma comédia americana, mas também não é um drama. Pelo menos, não daqueles que te fazem chorar. Me fez pensar bastante, no mundo como um todo. Possui uma cena que eu adoro, quando Johansson e Murray estão dentro de um táxi, voltando para o hotel, ele cai no sono e ela sorri, enquanto o vento entra pela janela semi-aberta, "bagunçando" seus cabelos. Essa hora eu me imaginei no lugar dela, e se o vento de Tokyo seria diferente ao que balança a rede da varanda, ou se eu simplesmente não me importaria. Porque nesse momento, já não faria diferença.

De qualquer maneira, eu recomendo para quem quer curtir o primeiro dia de um ano que promete... ser confuso. E talvez eu esteja mesmo perdida na tradução (do meu próprio mundo).

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- Eu devo me preocupar com você?

- Só se você quiser.

2 comentários:

Rita disse...

Assisti contigo!
Muito diferente!

Unknown disse...

Gostaria de receber informações sobre quem traduziu o filme para poder dar continuidade do trabalho, agradeço a todos. favor entrar em contato pelo e-mail fabiotsato@hotmail.com